O Ibovespa mergulhou nesta quinta-feira (12) e encerrou com o pior desempenho diário em quase dois anos, segundo dados da Elos Ayta, com mercados repercutindo sinais de juros mais restritivos.
O principal índice do mercado brasileiro fechou a sessão com queda de 2,74%, aos 126.042 pontos, a queda mais forte desde 2 de janeiro de 2023, quando encerrou com recuo de 3,06%.
Entre as 86 ações que compõem a carteira do Ibovespa, apenas a Hapvida (HAPV3) registrou alta no dia, com valorização de 1,12%.
O desempenho foi especialmente ruim para ações ligadas ao consumo e varejo, tradicionalmente mais expostas ao aumento dos juros.
Maiores quedas do dia:
- Pão de Açúcar (PCAR3): -11,02%
- Petz (PETZ3): -10,55%
- Minerva (BEEF3): -9,62%
- Magazine Luiza (MGLU3) -9,01%
- Carrefour (CRBF3): -8,59%
- Cogna (COGN3): -7,87%
- Yduqs (YDUQ3): -7,59%
- Natura (NTCO3): -7,18%
- Eztec (EZTC3): -7,03%
- CVC (CVCB3): -6,36%
No total, os acionistas das 322 empresas listadas perderam R$ 133,2 bilhões em valor de mercado, reduzindo o montante total das empresas de R$ 4,35 trilhões para R$ 4,22 trilhões.
A Petrobras (PETR4) foi destaque negativo, com recuo de R$ 31,8 bilhões em valor de mercado, respondendo sozinha por quase 24% das perdas das 10 maiores quedas.
Alta dos juros
O resultado negativo reflete a expectativa dos investidores que a polícia de juros, após o tom mais duro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) na véspera.
O colegiado votou de forma unânime pela alta de 1 ponto na Selic, elevando a taxa básica a 12,25% ao ano, e sinalizou que deve manter esse ritmo nos próximos dois encontros, em janeiro e março de 2025.
“Essa postura do Copom reforça a dificuldade da política monetária em ancorar as expectativas de inflação, o que nas palavras do Comitê, só deve acontecer no segundo trimestre de 2026, se tudo caminhar bem”, explica Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.
“Isso realça os desafios enfrentados pelo Banco Central, e o momento de crédito caro no país, o que reduz a confiança e o apetite do empresário por novos investimentos na economia real, gerando assim menos emprego em renda”.
Segundo o colegiado, o cenário se deteriorou desde o último encontro, em novembro, persistindo mais fatores para alta do que para queda da inflação.
Como pontos que podem trazer o índice para cima, o BC destacou a desancoragem das expectativas, maior resiliência na inflação de serviços e conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário.
Na outra ponta, o Copom apontou como fatores que podem levar inflação para baixo uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e se impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
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