O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tomou posse para um novo mandato nesta segunda-feira (20), adotando um tom mais moderado do que o esperado em seu discurso inaugural.
A ausência de ênfase em tarifas, tema recorrente durante sua campanha, traz alívio aos mercados financeiros nesta terça-feira (21), com investidores analisando ainda os primeiros passos no retorno do republicano à Casa Branca.
Bruna Allemann, head da mesa Internacional da Nomos, em entrevista ao CNN Money, comentou sobre o impacto da política econômica de Trump nos mercados e as expectativas para a nova gestão.
Segundo a especialista, o novo presidente não consegue ser “extremamente protecionista” como propôs inicialmente. Allemann observou que Trump parece ter mudado o foco em relação à China, principal alvo de suas críticas anteriores.
“Eu acho que ele está fazendo muito disso. O primeiro ponto, ele comentou sobre o canal do Panamá”, disse, sugerindo uma estratégia mais ampla de Trump antes de confrontar diretamente a China.
A especialista destacou que o presidente adotou um tom mais brando, reconhecendo as complexidades das relações comerciais globais.
“Ele pegou os Estados Unidos diferente”, enfatiza, pontuando as pressões da dívida e inflação da maior economia do mundo.
Solange Srour, colunista do CNN Money, também ressaltou a pauta das tarifas como o centro das atenções do mercado neste início do novo mandato de Trump.
Srour destacou que as políticas prometidas pelo republicano são contraditórias: por um lado, as tarifas tendem a aumentar a inflação, mas por outro, a desregulamentação do setor de energia pode reduzir o preço do petróleo, contrabalanceando o efeito inflacionário.
A colunista também apontou que o efeito no crescimento econômico é incerto, já que o aumento de tarifas pode reduzir o poder aquisitivo dos consumidores americanos, mas também atrair investimentos para os EUA, dependendo dos setores que serão desregulamentados.
Impacto global e no Brasil
As decisões de Trump terão repercussões mundiais, afetando desde as taxas de juros até o valor do dólar. Para o Brasil, Srour prevê um cenário desafiador.
“Se eu digo que vai ter mais inflação nos Estados Unidos, um dólar mais forte, a inflação no Brasil vai ser maior ainda do que já está projetado hoje”, afirma.
A analista ressaltou ainda que o cenário não é positivo para o Brasil, exigindo ações rápidas do governo para garantir a credibilidade fiscal.
“Não é um cenário positivo, na minha opinião, que permita o Brasil levar muito tempo para tomar suas decisões em relação ao que precisa de fato ser feito, que é definitivamente um choque de credibilidade fiscal”.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Investidores avaliam impactos da posse de Trump nos EUA no site CNN Brasil.