Subsidiária da J&J pede recuperação judicial para adiantar acordo sobre talco cancerígeno

 

Uma subsidiária da Johnson & Johnson (J&J) entrou com pedido de falência pela terceira vez na sexta-feira (20), enquanto a gigante da saúde busca avançar com uma proposta de acordo de aproximadamente US$ 8 bilhões que encerraria dezenas de milhares de processos judiciais alegando que o talco para bebês e derivados causavam câncer.

A unidade Red River Talc da J&J fez seu registro para dar entrada no Chapter 11 no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul do Texas.

O Chapter 11 se trata de um processo semelhante à recuperação judicial brasileira, que consiste em permitir que as empresas continuem operando normalmente e levantem capital enquanto tendam readequar suas contas, à medida que são supervisionadas judicialmente.

Leia Mais

GM vai demitir cerca de 1.700 trabalhadores em fábrica dos EUA

AgroGalaxy pede recuperação judicial após alta na inadimplência de produtores

CEO da GameStop pagará US$ 1 milhão nos EUA em acordo com a FTC

A J&J enfrenta processos de mais de 62.000 reclamantes que alegaram que seu talco para bebês e outros produtos de talco estavam contaminados com amianto e causaram diversos tipos de câncer, dentre eles o de ovário.

A J&J nega as acusações e disse que seus produtos são seguros.

Depois de ter sido rejeitada duas vezes por tribunais federais, a J&J, sediada em New Brunswick, Nova Jersey, está tentando novamente encerrar o litígio em uma chamada falência de “duas etapas do Texas”.

A J&J disse que a unidade de Red River entrou com o processo de falência após receber o apoio de cerca de 83% dos atuais requerentes ao plano de falência proposto.

A manobra de “dois passos” envolve descarregar sua responsabilidade de talco em uma subsidiária recém-criada que então declara o Chapter 11. O objetivo é usar o processo para forçar todos os demandantes a um acordo, sem exigir que a própria J&J entre com pedido de falência.

Os juízes de falências podem executar acordos globais que suspendam permanentemente todos os processos relacionados e proíbam novos.

Fora da falência, qualquer acordo que a J&J chegasse com alguns reclamantes ainda deixaria os resistentes ou futuros reclamantes com o direito de processar – e deixaria a empresa exposta a possíveis vereditos multibilionários que a encorajariam a usar a solução de dois passos em primeiro lugar.

Para melhorar suas chances em um terceiro esforço de falência, a J&J pediu aos demandantes que votassem em seu acordo proposto com antecedência para garantir que ele tenha apoio suficiente para que seu plano tenha sucesso.

A J&J disse que tem mais do que os 75% dos votos necessários para que um juiz de falências imponha o acordo a todos os demandantes.

A terceira tentativa da J&J de chegar a um acordo de falência também difere de seus esforços anteriores, em parte porque se concentra apenas em reivindicações de câncer de ovário e outros cânceres ginecológicos, com base em acordos anteriores da J&J com  procuradores-gerais estaduais e pessoas que entraram com ações judiciais após desenvolverem mesotelioma, uma forma rara de câncer associada à exposição ao amianto.

A empresa está envolvida em uma briga acirrada com advogados que se opõem à sua terceira tentativa de resolver o litígio por meio dessa manobra.

Sua estratégia de falência ainda enfrenta obstáculos legais. Isso inclui uma decisão da Suprema Corte dos EUA em junho envolvendo a falência da Purdue Pharma, ordens judiciais rejeitando seus esforços anteriores e uma proposta de legislação federal destinada a impedir que empresas financeiramente saudáveis ​​como a J&J se beneficiem da proteção contra falência.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Subsidiária da J&J pede recuperação judicial para adiantar acordo sobre talco cancerígeno no site CNN Brasil.

 

Newsletter

Cadastre-se para receber as principais novidades em seu e-mail.

Portal de notícias Dealer Intelligence