Após 4 horas de sabatina, comissão do Senado aprova indicação de Galípolo ao BC

 

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (8) a indicação do economista Gabriel Galípolo à presidência do Banco Central (BC). O economista recebeu 26 votos favoráveis e nenhum contrário. Agora, o nome deve ser analisado pelo plenário.

A sabatina no colegiado durou cerca de 4 horas. Galípolo foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o comando do BC no lugar de Roberto Campos Neto, que terá o mandato encerrado em 31 de dezembro deste ano.

Para ser aprovado no plenário, o economista precisa do apoio de ao menos 41 dos 81 senadores. A votação é secreta. O relator da indicação na CAE foi o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.

Relação com Lula

Indicado de Lula, Galípolo afirmou que, nas conversas que teve com o chefe do Executivo, teve a garantia de “liberdade na tomada de decisões” e a orientação de ter como compromisso os interesses da população brasileira.

Ele negou ter sofrido “qualquer tipo de pressão” no cargo por parte de Lula. “A verdade é que eu nunca sofri nenhuma pressão. A verdade é essa. Eu jamais sofri, seria muito leviano da minha parte dizer que o presidente Lula fez qualquer tipo de pressão em cima de mim sobre qualquer tipo de decisão”, disse.

O economista também afirmou ter a “melhor relação possível” com o presidente e com Roberto Campos Neto. Ele negou ruídos e qualquer “polarização” com o atual chefe do BC. “Sempre fui muito bem tratado pelos dois. Eu não consigo fazer qualquer queixa a nenhum deles”, declarou.

Leia Mais

Galípolo se afasta da polarização, se apresenta como técnico e exalta liberdade

Enquanto Galípolo era sabatinado, Lula disse em discurso que taxa de juros “haverá de ceder”

Autonomia do BC segue firme, assim como discurso de Gabriel Galípolo em sabatina no Senado

Desde o ano passado, Campos Neto foi alvo de críticas públicas de Lula e aliados do governo, em especial por causa do patamar da Selic, a taxa básica de juros definida pelo BC. O Executivo defende e pressiona pela redução da taxa.

Na sabatina, integrantes da oposição fizeram elogios a Campos Neto, mas se manifestaram entusiastas da aprovação do nome de Gabriel Galípolo e já o chamavam de presidente.
Ainda assim, defenderam que, assim como ocorreu com Campos Neto, Galípolo também poderia virar alvo do governo.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que Galípolo deveria se “preparar” para quando acabar a “lua de mel” com Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Eu fico aqui olhando a sua simpatia e lamentando que o senhor vai ser presidente do Banco Central num governo de esquerda”, disse a senadora.

Sabatina

Durante a sabatina, os senadores perguntaram ao economista principalmente sobre as perspectivas de aumento da inflação no país.

Ele afirmou que o BC trabalha “analisando um horizonte relevante” e mira os efeitos da inflação no longo prazo, o que tem levado a recomendar “maior prudência do ponto de vista da política monetária”.

Contribuem para essa orientação, de acordo com ele, as condições do mercado de trabalho, a desvalorização do câmbio e o crescimento da economia. Segundo ele, a expectativa de “desancoragem” tem incomodado o BC.

“Eu sou daqueles que defende que o Banco Central não deveria nem votar na meta de inflação dentro do CMN. Pensando numa corporação, numa empresa, é muito estranho que quem vai ter que perseguir a meta seja responsável por estabelecer a meta que vai ter que perseguir”, declarou.

Também foi tema da discussão o crescimento das empresas de apostas no Brasil. Um relatório do BC indicou que, em agosto deste ano, beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões a empresas de bets por meio de Pix.

Galípolo disse que o BC “não tem qualquer tipo de atribuição sobre a regulação de bets”, mas atua para entender o impacto no consumo e endividamento das famílias para explicar a relação entre a atividade econômica, despesas e o impacto na inflação.

Autonomia do BC

Sobre uma possível mudança no regime jurídico do Banco Central, o economista disse que a ideia não é uma forma de ir contra as metas do Executivo. Ele defendeu um “arcabouço institucional” que permita ao BC desempenhar suas funções e solucionar a questão da redução de pessoal. O tema é analisado no Senado por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição.

“De maneira nenhuma, a ideia de autonomia deve passar uma ideia de que o Banco Central vai se insular e virar as costas ao poder democraticamente eleito. Não se trata disso. Ocorrem legislações novas diariamente, que podem alterar a atuação do Banco Central, e ao Banco Central não cabe legislar”, disse.

Essa foi a segunda vez que a comissão sabatinou o economista. Antes, em julho de 2023, a CAE sabatinou e aprovou o nome de Galípolo para ocupar a Diretoria de Política Monetária do BC, atual cargo ocupado por ele.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Após 4 horas de sabatina, comissão do Senado aprova indicação de Galípolo ao BC no site CNN Brasil.

 

Newsletter

Cadastre-se para receber as principais novidades em seu e-mail.

Portal de notícias Dealer Intelligence