O forte crescimento da economia brasileira, impulsionado pelo consumo das famílias, acende um sinal de alerta no Banco Central (BC) e pode resultar em um aumento da taxa Selic, segundo Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.
Em entrevista ao CNN Money, Angelo destacou que o PIB do terceiro trimestre, que surpreendeu positivamente, traz preocupações em relação à dinâmica inflacionária.
“Infelizmente, há preocupações com a inflação”, afirmou a especialista, ressaltando que o setor de serviços apresentou uma dinâmica muito positiva em todos os itens.
A estrategista explicou que o consumo das famílias, aliado a um mercado de trabalho que deve seguir forte em 2025, pode pressionar os preços.
“O Banco Central não vai enxergar a ociosidade da economia”, pontuou Angelo, indicando que isso pode levar a ajustes no modelo de projeção do BC e, consequentemente, a uma taxa Selic mais alta.
Repasse cambial e pressões inflacionárias
Outro fator de preocupação apontado por Angelo é o repasse do câmbio para a inflação. Segundo ela, a depreciação do real está sendo repassada de forma mais rápida e intensa para os preços devido à forte atividade econômica.
“O repasse desse câmbio mais depreciado está alto, está forte, está num ritmo acelerado”, alertou.
A especialista ressaltou que, nas contas da Warren, o repasse do câmbio de R$ 5,80 para a inflação de 2025 já adiciona 0,3 ponto percentual, levando a projeção para 5,30%. ‘Só pelo repasse do câmbio, e a gente acha que acaba acontecendo mais rápido’, explicou.
Perspectivas para a Selic
Diante desse cenário, Angelo prevê que a taxa Selic pode chegar a 13,5% para conter a inflação. “É um cenário bastante desafiador”, admitiu, lembrando que o mercado financeiro já precifica juros acima de 14% para o próximo ano.
A estrategista enfatizou a necessidade de a política fiscal caminhar junto com a política monetária para conter as pressões inflacionárias. “A gente precisa cortar gastos”, afirmou, sugerindo que o governo pode apresentar novas medidas para frear o aquecimento da economia.
Por fim, Angelo ressaltou que, embora não se deseje uma contração econômica, é importante controlar a inflação. “A inflação, no fim das contas, é pior do que uma taxa de juros mais alta”, concluiu, lembrando que a alta de preços afeta mais fortemente a população.
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