Estamos liderando um boicote ao Carrefour, diz governador do Mato Grosso à CNN

 

O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União), disse que está liderando um boicote ao Carrefour e ao Atacadão em resposta às declarações do CEO da rede varejista francesa sobre a carne do Mercosul. Em entrevista à CNN, Mendes expressou sua indignação com o que chamou de “ataques à imagem do nosso país”.

As declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, causaram polêmica ao sugerir que o mercado francês poderia ser ‘inundado com carne que não atende às suas exigências e normas’ caso o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul fosse aprovado.

Mendes argumentou que essas afirmações são infundadas e representam uma tentativa de criar barreiras comerciais para os produtos brasileiros, que segundo ele, são ‘extremamente produzidos com qualidade, com sustentabilidade e, acima de tudo, muito competitivos’.

Reciprocidade nas relações comerciais

O governador defendeu o princípio da reciprocidade nas relações comerciais, afirmando: “Do jeito que você me trata, eu tenho o direito de te tratar”.

Ele propôs que os brasileiros, especialmente aqueles ligados ao agronegócio, boicotem as lojas do Carrefour e do Atacadão no país.

Além disso, Mendes revelou que já instruiu a secretaria de fazenda do estado a analisar medidas legais que possam ser tomadas contra a empresa.

“Dentro da lei, dentro dos limites da lei, eles não terão vida fácil aqui no meu estado por ter desrespeitado o nosso país, desrespeitado o agronegócio”, afirmou.

Críticas ao protecionismo europeu

O governador também criticou o que considera ser uma “guerra comercial transvestida” de preocupação ambiental. Ele desafiou a comparação entre as práticas de preservação ambiental do Brasil e da França, destacando que no bioma amazônico, por exemplo, 80% das propriedades devem ser preservadas.

Mendes argumentou que os agricultores europeus, especialmente os franceses, dependem de subsídios e são menos eficientes que os produtores brasileiros. Por isso, segundo ele, criam barreiras para impedir a competição livre.

Quanto ao acordo entre Mercosul e União Europeia, o governador se mostrou pessimista sobre sua aprovação, devido à forte oposição da França. Ele sugeriu que o Brasil deveria buscar acordos comerciais com a Ásia e o Oriente Médio como alternativa.

Procurado pela CNN, o Carrefour disse que “a medida anunciada na quarta-feira (20), se aplica apenas às lojas na França. Em nenhum momento ela se referiu à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise”.

“Todos os outros países onde o Grupo Carrefour opera, incluindo Brasil e Argentina, continuam a operar sem qualquer alteração e podem continuar adquirindo carne do Mercosul. Nos outros países, onde há o modelo de franquia, também não há mudanças”, encerra a nota.

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