Na véspera do anúncio das tarifas recíprocas norte-americanas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os Estados Unidos têm uma posição comercial “muito confortável” em relação ao Brasil.
O principal argumento do governo brasileiro é de que a Casa Branca mantém superávit comercial de longa data com o Brasil, que foi, em 2024, da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens.
“Os Estados Unidos têm uma posição muito confortável em relação ao Brasil, até porque é superavitário tanto em relação a bens, quanto em relação a serviços”, afirmou Haddad a jornalistas durante agenda em Paris.
Ao ser questionado sobre os impactos das tarifas a nível global, o ministro respondeu que não é possível prever quais devem ser as reações dos países às novas medidas, uma vez que ainda não sabe o teor do anúncio.
“Nos causaria estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retaliação injustificada, uma vez que estamos na mesa de negociação desde sempre com aquele país para que a nossa cooperação seja cada vez mais forte”, disse Haddad.
No início de março, os governos do Brasil e dos Estados Unidos criaram um grupo de trabalho para discutir tarifas comerciais. Reuniões virtuais foram coordenadas entre integrantes do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Representante de Comércio dos EUA (USTR).
De acordo com o ministro Fernando Haddad, o Brasil vai manter a estratégia de negociação com os EUA. Ao lado do ministro das Finanças de Paris, Eric Lombard, disse que o acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia é um caminho para fortalecer o multilateralismo.
“Nós vemos nesse acordo com a União Europeia um caminho seguro para que esses princípios sejam observados. O que significa dizer que não só as nossas economias são complementares, [mas também] a depender da forma que nós encaminhamos a integração dessas economias, nós podemos torná-las mais competitivas, tanto do ponto de vista da agricultura, quanto do ponto de vista industrial”, disse Haddad.
No seu relatório anual sobre barreiras comerciais divulgado na última segunda-feira (31), os EUA acusaram o Brasil de protecionismo, listando oito barreiras comerciais. No documento, o governo norte-americano menciona barreiras tarifárias, taxação desigual sobre bebidas e restrições a produtos usados como entraves ao comércio bilateral praticadas pelo governo brasileiro.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que o presidente americano, Donald Trump, anunciará as tarifas recíprocas às 16h (de Brasília), desta quarta-feira (2).
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