O professor Rodrigo Zeidan, da NYU Shanghai e da Fundação Dom Cabral, afirmou durante sua participação no programa WW desta terça-feira (15) que o Yuan, moeda oficial da China, atualmente não é uma moeda conversível.
Esta declaração lança luz sobre os desafios enfrentados pela China em sua estratégia de desdolarização da economia global.
Segundo Zeidan, “o Yuan hoje não é nem uma moeda conversível, ou seja, existe controle de capitais na China”.
Leia Mais
Ações chinesas têm queda à espera de detalhes sobre estímulos no país
Fraqueza na China faz vendas da dona da Louis Vuitton caírem pela 1ª vez desde a pandemia
Ouro fecha em alta perto de máxima histórica, com Oriente Médio e Fed no radar
Esta situação limita significativamente a capacidade do país de implementar uma estratégia de desdolarização no curto prazo, apesar do interesse evidente nessa direção.
O especialista destacou um evento crucial que moldou a atual política monetária chinesa: “A China sofreu um ataque especulativo em 2017, no qual empresas estatais chinesas tiraram US$ 1 trilhão da economia chinesa”.
Como consequência, o governo chinês reforçou o controle sobre os fluxos de capital, tornando mais difícil a saída de dinheiro do país.
Desafios para a desdolarização
Zeidan enfatizou que a falta de conversibilidade do Yuan cria obstáculos significativos para estabelecer um sistema de pagamento alternativo ao dólar: “Você não tem como ter um sistema de pagamento alternativo no qual as moedas não têm como serem negociadas livremente ao redor do mundo”.
O professor também apontou que países como o Brasil enfrentam limitações para manter reservas em Yuan, a menos que haja acordos específicos com o Banco Central Chinês.
Isso demonstra a complexidade do cenário econômico internacional e os desafios para alterar o status quo do sistema financeiro global.
Apesar dos esforços da China em promover o uso do Yuan em transações internacionais, Zeidan ressalta que muitas dessas iniciativas são mais simbólicas do que práticas: “A China pode dizer que agora a gente faz trilhões de dólares de comércio em Yuan, mas o que importa é o pagamento em si”.
Na realidade, segundo o especialista, a maioria das transações financeiras internacionais ainda é realizada em dólar, euro ou iene.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Falta capacidade para China se “desdolarizar”, diz especialista à CNN no site CNN Brasil.
