A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa básica de juros gerou preocupações no setor industrial.
Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), expressou preocupações sobre os impactos que essa medida terá no setor produtivo e propôs novos ajustes de gastos.
“O governo deveria revisitar os gastos para o ano que vem e fazer mais um ajuste de cortes”, afirmou, argumentando que os cortes anteriores não foram suficientes para o necessário ajuste fiscal.
Segundo Roscoe, a aceleração no ritmo de aumento da taxa de juros terá um impacto significativo na economia brasileira, reduzindo consideravelmente a velocidade de crescimento.
“Quando você sinaliza um aumento de um ponto percentual, o mercado todo entende que o ciclo de aperto monetário vai ser de longo prazo”, explicou.
O presidente da Fiemg alertou que o mercado já está trabalhando com uma Selic entre 14,5% e 15% ao ano a médio prazo, o que torna praticamente inviável o investimento no setor produtivo.
Para o setor produtivo, Roscoe indica que as empresas terão que buscar alternativas para reduzir despesas, assim como a população terá que ajustar seus gastos diante do cenário de juros elevados.
Ele enfatiza a importância de um diálogo entre os agentes formuladores da política econômica e o Banco Central para alinhar estratégias de longo prazo que beneficiem todos os setores da economia.
Impactos setoriais e competitividade
Roscoe destacou que os setores de capital intensivo e aqueles com ciclos financeiros mais longos serão os mais afetados.
Indústrias que necessitam de muito capital de giro para financiar suas atividades sentirão um impacto significativo. Além disso, setores como o da construção civil, que dependem de financiamentos de longo prazo, também serão prejudicados.
A competitividade das indústrias brasileiras no mercado internacional também é uma grande preocupação.
Com taxas de juros muito superiores às de concorrentes estrangeiros, que muitas vezes têm acesso a financiamentos entre 2% e 8%, as empresas brasileiras enfrentarão dificuldades para competir globalmente.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Juros altos preocupam indústria e novos ajustes nos gastos são necessários, diz Fiemg no site CNN Brasil.