Após voltar a superar a marca de R$ 6 nesta quarta-feira (9), o dólar inverteu o sinal após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar pausa nas tarifas de importação.
Para analistas ouvidos pela CNN, alívio nas tensões com os impactos das taxas e recuperação do preço de commodities estão entre as bases que ajudaram a divisa brasileira na sessão.
Na terça-feira (8), o dólar à vista fechou em alta de 1,49%, a R$ 5,9985, maior valor de fechamento desde 21 de janeiro deste ano.
“O real vinha apanhando bastante, então, quando ele [Trump] dá uma recuada, observa-se uma valorização da nossa moeda. Claro, não tudo aquilo que se desvalorizou, mas pelo menos uma boa parte”, diz.
“A partir de agora, é preciso dar atenção a esses 90 dias das negociações que ocorrerão e ver o que vai acontecer”, acrescenta.
Na avaliação do sócio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, a decisão de Trump tira o risco de continuação da queda das bolsas de valores ao redor do mundo. Porém, a confiança do mercado frente ao mandatário pode estar abalada.
Junto ao anúncio de pausa nas taxas, o republicano afirmou que taxas contra a China passarão para 125%.
“A guerra comercial continua, afinal, Donald Trump aumentou as tarifas para a China. E a pausa das cobranças das tarifas para os países com taxação acima de 10% não significa que não teremos sobrepreço futuramente”.
O economista afirma que a pausa de 90 dias na cobrança das taxas retira o risco de cauda longa, ou seja, a pressão por mais tempo. Faria Júnior elenca a queda das taxas de juros norte-americanas e a recuperação das bolsas de valores como sinais positivos de reação do mercado.
“O ponto principal a entender é a confiança. Como serão estas negociações? Porque há risco de Trump voltar com as tarifas caso não consiga negociar. Por ora, temos uma cicatrização, mas isso não significa que as bolsas dos EUA voltarão para o nível anterior”, acrescenta o especialista.
Para o sócio fundador da Fundamenta Investimentos, Valter Bianchi Filho, a divulgação das tarifas impostas pelos EUA na semana passada e a escalada contra a China até então injetaram incerteza no cenário futuro, ocasionando forte correção nas bolsas e demais ativos de risco.
“O problema é que o mercado de capitais é um ambiente onde os agentes fazem posições baseadas em prognósticos sobre como será o futuro. Mesmo com a pausa divulgada agora há pouco, esta visão sobre o futuro ficou bastante nebulosa e de difícil previsão. E o mercado não gosta de aumento de incerteza, por isso é difícil imaginar, no curto prazo, que o ambiente retome a normalidade pré-tarifas”, finaliza.
Tarifas “recíprocas” de Trump não são o que parecem; entenda
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