Por mais de dois anos, aguardamos ansiosamente o lançamento oficial da Yamaha Ténéré 700 no Brasil. Havia a informação de que a geração anterior não chegou por aqui devido a questões de homologação, especificamente por não se adequar 100% às normas do Promot.
Agora, com a nova versão da Yamaha Ténéré 700 – a mesma que estreou no colossal EICMA do ano passado –, tivemos a chance de acelerar a moto no Festival Interlagos. Um teste curto, é verdade, mas que nos fez ligar um alerta.

Ao subir na moto, fica claro: a Ténéré 700 é leve, alta, esguia – uma moto pronta para o off-road. Cada detalhe dela grita “aventura fora do asfalto”. Quem conhece a plataforma CP2, que faz tanto sucesso na competente MT-07, obviamente espera uma resposta explosiva do motor, uma aceleração rápida que, não raro, levanta a roda dianteira se você acelerar com vontade e deixar o giro subir.
A surpresa veio assim que saímos dos boxes. Aquecendo os pneus de um lado para o outro, acelerando suavemente, tudo normal. Mas, ao entrar na reta oposta, em segunda, depois terceira marcha, e acelerar fundo, senti o giro do motor e a velocidade subirem lentamente. Estranhei, pensando que talvez fosse alguma regulagem de segurança para o test ride, devido às condições da pista.

No entanto, a volta inteira foi assim. Em primeira, segunda, terceira marcha, a moto ganhava giro e velocidade de forma arrastada. Somente ao engatar a quarta marcha é que a aceleração se aproximava daquela da MT-07. A volta toda foi uma incógnita, me fazendo pensar: “Não é possível, há algum controle acionado ou um erro na moto”.
De volta aos boxes, fui direto a um executivo da Yamaha, perguntando sobre ajustes de segurança para os test rides. Para minha surpresa, a resposta foi negativa. Disseram que o desempenho se deve aos ajustes da moto para passar nos testes de emissões e ruído do Promot5 – e acredito que principalmente os de ruído.

Inevitavelmente, fiquei bastante desiludido. Uma moto feita para o off-road, com essas características de primeira e segunda marcha com subida de giro lenta e surpreendentemente fraca, me faz questionar: o que os consumidores que a comprarem vão achar? Será que foi pensada para ser “desbloqueada” depois da compra? Não pode ser. A Yamaha é uma marca séria, e isso iria contra, inclusive, os termos de garantia da moto. Resta saber a percepção do público.
No quesito ciclística, a moto é excelente, mas com essa configuração para o Brasil, é, infelizmente, um pouco decepcionante. Vamos aguardar os próximos passos.
Após nossa bateria de testes, a Yamaha entrou em contato via assessoria de imprensa, informando que os modelos da Ténéré 700 disponibilizados para o ride em Interlagos eram versões de pré-produção, o que, de certa forma, pode justificar o desempenho inesperado. A marca reforça que a produção da Ténéré 700 terá início oficial em agosto, com entregas previstas para setembro. É inegável que ainda há tempo para ajustes de rota, mas esses precisam ser certeiros. Caso contrário…